sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Deus de Jesus ou dos Farizeus???

Há algum tempo, intrigado, comecei a questionar porque Jesus Cristo escandalizou fariseus, saduceus e doutores da lei. Nenhuma novidade me ocorreu: há séculos os judeus aguardavam o Messias. Eles viviam na expectativa política de que um Ungido se levantaria em nome de Deus. Nos setores mais politizados, o Messias viria como o grande libertador – uma encarnação melhorada e glorificada de Moisés; um Dom Sebastião dos tempos antigos. Para segmentos religiosos ortodoxos, o Messias chegaria para renovar os princípios da Torá. O cumprimento da Lei representaria uma renovação espiritual que resgataria o povo para um novo tempo.

Mas além dessa grande espera, Paulo também diz que Jesus foi loucura para os gregos. O Nazareno se revelou um retumbante fracasso porque nunca deixou colar nele as expectativas judaicas e depois, nem as gregas, sobre as ações da divindade. Via-se claramente que em Jesus Deus não se parecia com o Movedor Imóvel de Aristóteles. Ele colocava teologia e filosofia de ponta cabeça.

Se o Deus dos fariseus zelava pelo cumprimento estrito da lei, Jesus a tornava flexível pela misericórdia. Quando perdoou a mulher apanhada no próprio ato do adultério, deixou claro que o poder do amor dobra a rigidez da lei: “Onde estão os teus acusadores. Eu não te condeno, vá em paz e não peques mais”. Nos casos da siro-fenícia, do centurião romano, da “impura” devido a uma menstruação crônica, do endemoninhado gadareno, do cego da calçada, fica claro que qualquer um pode aproximar-se de Deus sem exigências ou protocolos religiosos. Quando Jesus estava por perto, esvaziava-se a ideia de “não-eleito”.

Jesus não comparou Deus a um fiscal punitivo, mas a um pai machucado. No alpendre, enquanto espera a volta do filho perdido, os olhos úmidos do pai eram os olhos de Deus. Sim, mesmo desolado, o velho corre ao encontro do filho sujo, mal cheiroso e o cobre de beijos.

Ricardo Peter intuiu corretamente o porquê do ódio dos fariseus contra Jesus:

Os fariseus começaram a perceber que Jesus estava mudando radicalmente a maneira de entender quem é Deus. Este Deus teria podido provocar confusão e dispersão entre as pessoas religiosas. O comportamento do Deus anunciado por Jesus, do Deus que demonstra um amor incondicionado pelos pecadores, começava a colocar o Deus dos fariseus na sombra. Tinha início uma luta de ‘Deus contra Deus.

A religião judaica antecipara um Deus mais forte que os antigos baalins, que causaram tanto problema. Jesus andou na contramão, ele tomou sobre si a fragilidade dos serviçais. Os conteúdos de sua causa não lidavam com poder, mas com serviço. Os tempos exigiam um líder que convocasse exércitos com a força letal superior às legiões romanas. Mas o Galileu preferia colocar uma criança no colo e dizer: “Dos tais é o Reino de Deus”.

A ambição era posicionar Israel como nação líder. O messias, certamente, vingaria séculos de opressão impostos por egípcios, persas, gregos e romanos. Mas eis que ele abriu o rolo da lei numa sinagoga e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim e ele me ungiu para pregar boas notícias aos pobres”. Se um homem assim, radicalmente humano, comprometido com a escória do mundo, se dizia a expressa imagem de Deus, tal homem precisava ser assassinado. Um Deus fraco não servia aos interesses da religião – como ainda não serve.

Além desta enorme decepção entre os semitas, os gregos também se horrorizaram. Se Deus encarnou assim, como sustentar as ideias de Aristóteles? Jesus não se assemelhava em nada com o conceito de Deus como “Ato Puro” ou como “Motor Imóvel”. O Rabi de Cafarnaum se movia de “viscerais afetos” por uma viúva a caminho de enterrar o filho, chorava diante da sepultura do amigo (a dor de homens e de mulheres dói em Deus; Isaías é enfático- 63.9 -: “Em toda a angústia deles, foi ele angustiado”.), irritava-se quando a religião oprimia e se deixava molhar pelas lágrimas de uma prostituta. Deus não se mostrara apático.

Volto a Ricardo Peter com sua intuição sobre a revelação de Deus que Jesus brindou o mundo:

O Deus de Jesus assume o humano a tal ponto que liberta o homem da exigência de ser como Deus. Deus contém em si, agora o máximo de humanidade. Deus encontra-se imerso no humano. O ‘Reino’ de Jesus não requer seres excepcionais, melhores que o ‘resto dos homens’, que se preocupam em ser por eles contaminados.

Mas, o que verdadeiramente escandalizou no Deus que Jesus revelava foi sua tremenda inconsistência. Como assim, Deus inconstante? Misericórdia é sempre uma tremenda inconstância. A inconsistência de Deus em reverter sentenças, em anular destinos, em refazer histórias, em anular tragédias, foi a marca mais exuberante da vida de Cristo. Até o fato de seu ensino ser vazio de dogmatismos, desestabilizava qualquer teologia. E talvez tenha sido este o pingo que entornou a taça da ira dos fariseus: o Deus inabalável, rigoroso e severo do Antigo Testamento estava ausente nas palavras, gestos e atitudes do filho de Maria.

Ainda hoje, os que distinguem entre o Deus dos fariseus e o Deus de Jesus acharão boas razões para decretar sua morte. O reino que ele inaugurou entre os homens não encontra paralelo com os reinos deste mundo. Seus ensinos não são codificáveis.

Portanto, o Deus que nasceu em uma manjedoura continuará despercebido dos poderosos. Ele só será notado nas realidades singelas e pequenas: grãos de mostarda, meninos e meninas, ovelhas indefesas, desempregados em calçadas, servos inúteis, indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, estrangeiros, soldados e exorcistas informais.

Deus poderia escolher muitas maneiras para mostrar-se real, mas preferiu nascer em uma periferia esquecida; optou viver de um jeito que pode ser, poeticamente, comparado ao de um cordeiro.

Depois de séculos, ainda vale a pena celebrar um natal desses...

Ricardo Gondim

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OS MISTÉRIOS DO IMPEDIMENTO...


Amados, acho incrivel como os evangélicos da pós-modérnidade desenvolveram uma zanga caga contra toda sorte de impedimentos, pois os jargões evangélicos são: EU PASSO POR CIMA, TODA BARREIRA CAI, NINGUÉM ME SEGURA, SAI DO MEIO QUE EU VOU PASSAR.
Ficamos estressados quando as coisas não acontecem conforme o que nós projetamos, principalmente quando o que queremos fazer tem a melhor das intenções, e faz parte de um projeto que visa a glória de Deus; Mas quando as coisas não fluem nós simplismente dizemos: É O DIABO...
Fico assustado ao saber quantas vezes nós já apelidamos a obra de Deus de diabo, quantas vezes no nosso imediatismo racional e lógico chamamos projetos de Deus de impedimentos satanicos, simplismente por que as coisas não aconteceram como queriamos.

Admiro a cada dia mais o grande patriarca Jó, pois mesmo perdendo tudo, ele nunca falou em diabo em todo o seu livro, Jó via por traz de tudo que lhe acontecia uma ação soberana de Deus, que não tinha nada haver com teologia moral de causa e efeito, mas a penas com o beneplácito da sua vontade.

Ele entendia que ainda que o diabo fosse o agente da vontade permissiva de DEUS, o bem de tudo seria dos que amam a DEUS e são chamados segundo seus propósito.
Até o bem e o mal ele atribui a Deus, dizendo: Receberiamos só o bem de Deus e não o mal?

Falo isso para que possamos vê por traz de tudo que acontece, um rosto sorridente que tem pensamentos de bem e não de mal a nosso respeito.
Já pensou se Deus lhe pedisse seu filho, como pediu a Abraão? rsrsrs; Do que voçê chamaria Deus?

Quando penso nestas pairagens, lembro de Atos 16:6-7 E, passando pela frígia e pela privincia da gálaxia, foram impedidos pelo Espirito Santo de pregar na ASIA,
E quando chegaram a Misia, intentavam ir para Bitinia, mas o Espirito de Jesus não lhe permitiu.

e ai se fosse querendo pregar e as coisas sem dar certo, o que você diria? rsrsrs
talvez dissesse que era o capeta.
Mas paulo não faz isso, esperou e Deus lhe revelou a macedônia.
Deus havia reservado a Asia para pedro, e filipos, tessalônica, e efeso e outras cidades para paulo.

Por isso não vire um jonas tentando enfrentar os impedimentos de Deus, apenas espere, e a visão da macedônia vai chegar.

Honorato Neto